DONA KRISTENFRIEDA








Apresentação
Dona Kirstenfrieda é uma senhora alemã com 95 anos de idade que viveu desde pequena numa colônia no interior do Brasil. Veio morar com um neto (e com os bisnetos) na cidade há dois anos, depois que o marido morreu. Nunca antes havia visto televisão, nunca foi a um cinema, nunca andou de avião, não faz a menor idéia do que seja a internet, lê e escreve muito pouco, fala o português com dificuldade, mas tem uma saúde de ferro. Gosta de ver noticiários e comentar os fatos – para ela, todos são uma grande novidade.
Prepare-se para conhecer Dona Kirstenfrieda:
 
Dona Kris não gosta de banhos de mar

Tempos de verão, quando surge uma oportunidade a família corre para a praia, não tão distante assim. Dona Kristenfrieda conheceu o mar recentemente, quando esteve no Rio de Janeiro, mas não gosta de entrar na água. Prefere ficar na faixa de areia, observando o movimento. Sempre instada ao banho marinho, Dona Kris desdenha:

Se o água da mar fosse bom messmo, nón precissava tomar banho despois quando chega em cassa.


Dona Kris e o colesterol

Domingo, dia de reunião familiar. Uma parenta da neta-nora da Dona Kristenfrieda veio de visita e participou dos preparativos do almoço. Na cozinha, o (infalível) tititi feminino, versando sobre assuntos mil, desembocando na arte culinária (e suas consequências). A velha senhora na sala, os olhos na TV e os ouvidos na cozinha, onde se preparava um salmão ao forno. O diálogo:

- Dizem que o salmão é ótimo para o colesterol.

- É sim, o bom colesterol adora salmão, tem ômega-3.

Dona Kris levantou do sofá, foi à porta da cozinha para perguntar:

- Essa colesterol fem almoçar aqui em cassa hoje?


A angústia de Dona Kris

A aflição tornava-se esmagadora, quase insuportável. Uma convulsão interna, intensa, aguçada, aguilhoante, quase uma estocada. O almoço fora uma festança de comida típica alemã: eisbein – ou joelho de porco, em bom português – com chucrute – ou repolho azedo, se preferirem. Dona Kristenfrieda se fartara. Depois que o médico recomendou moderação com comidas gordurosas, não era sempre que se preparava o regalo teuto. Ainda por recomendação médica, a velha senhora se policiou na ingestão das carnes, mas não teve limites quando ao chucrutz – afinal, liberado pelo clínico. E por que aquelas pessoas tinham que vir logo depois do almoço?
Preparava-se, para dali a uma semana,  a festa do terceiro aniversário do pequeno Paulo Afonso, bisneto da Dona Kris. Paulo Henrique, o pai, preferiu fazer a comemoração em casa mesmo, a sala era bastante ampla, assim como as demais dependências da residência. E o pessoal da empresa de decoração veio para verificar o local. Tirar medidas, estudar a organização, essas coisas. E dê-lhe trocar ideias com os familiares, Dona Kristenfrieda inclusive: balões aqui e ali, figuras naquela parede, um brinquedo acolá... todos se viram envolvidos na azáfama.
Se pelo menos a deixassem sair... nas vezes em que tentou, foi rapidamente convocada de volta para mais um palpitezinho, uma opinião de “gente madura, experiente...” E o tormento aumentando, a angústia crescendo...
Afinal, estavam saindo... satisfeitos (ou não, quem saberá?) com o levantamento dos dados. Ainda bem. Saíram todos. Hora de liberar o retido pum, o refreado flato que angustiava a idosa senhora. Simultaneamente ao peculiar sibilo rouco, a vibração roufenha, seguiram-se os costumeiros, vários (muitos, no caso) e prolongados segundos de expulsão do gás contido a muito custo para evitar o vexame ante familiares e estranhos que tão inoportunamente ousaram invadir – mesmo que indiretamente – a privacidade da macróbia.
Quase que instantaneamente instalou-se no aposento aquele típico odor que distingue ocasiões e eventos semelhantes: um misto de enxofre e algo mais, assim como ovo podre ou coisa que o valha. Não exatamente balsâmico ou fragrante, antes acatingado e fedido, nem tanto para o próprio (ou a própria, no caso) autor, mas quase insuportável para os circunstantes – e quanto mais próximos, pior! – mas felizmente afastados a tempo. Assim aliviada, embora envolta na invisível bruma exalada em tão aflitivo momento, Dona Kris se deixou cair sentada no sofá.
Mas eis que voltam! Oh, mein Gott! O que será que esqueceram? Algum detalhe, talvez. Quiçá uma medida, uma olhada. Um palpite? Certamente! Eis que invadem de novo a sala, todos eles... mas com ela não! Não haverão de tirar-lhe mais nenhuma palavra, nem um aceno, nada, nada mais. Nem um suspiro!
Faces rubras, ardendo de vergonha, Dona Kristenfrieda se levanta e se precipita corredor afora, em direção aos seus domínios, ao quarto confortante onde afinal pode curtir descansadamente os efeitos do chucrutz domingueiro, sem perturbações ou atropelos de qualquer ordem.


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Gertrude, uma das filhas da Dona Kristenfrieda, já passada de sessentona, que ainda mora “no colonha” e tem comportamento tão (ou ainda mais) tosco que o da mãe, veio fazer um tratamento médico na cidade. Por razões de conveniência – principalmente econômica – hospedou-se na casa do sobrinho Paulo Henrique, junto da mãe. Há anos a Gertrude consome uma quantidade mais que razoável de medicamentos. Entre as dificuldades dela está o controle da flatulência, situação logo percebida por todos os moradores da casa e certamente agravada pelos seus hábitos não muito discretos.
Família reunida certo dia em que o problema da Gertrude mostrava-se singularmente agudo, o sobrinho procurou minimizar a situação:
- Os remédios que a Tia Gertrude toma com certeza causam esse problema dela...
Dona Kristenfrieda não perdeu a chance:
- Se causam essa prroblema nón sei, mass que dón um bom dessculpa, isso sim!

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De vez em quando Dona Kristenfrieda perde as estribeiras diante de uma pergunta idiota. Assim aconteceu no chopincenter e aconteceu de novo na semana que passou. Diante da casa alguns operários estavam instalando uma lombada, um desses ressaltos no pavimento da via que têm por finalidade obrigar a redução da velocidade dos veículos e que em muitos locais é chamado de “quebra-molas”.
Dona Kristenfrieda foi ver a “obra” de perto. Aproximou-se uma vizinha e, a título de puxar conversa:
- Estão fazendo isso para que os carros diminuam a velocidade, não é?
- Nein, nein. Nón é nón. É para levantar foo. Os carros agorra fón passar mais depressa ainda. Fón embalar no velocidade e sair foando parra ver quem foa mais longe. Quem foa mais longe ganha um prremio da Prrefeito!


Dona Kristenfrieda em família
18.set.11 - Reunião domingueira da família, as conversas variavam entre as querelas do dia-a-dia e os assuntos mais importantes registrados pelo universo da mídia. Entre eles, a ocorrência de vários acidentes aéreos nos últimos dias em várias partes do mundo, concentrando-se os comentários no desastre havido na Rússia, que vitimou todo um time de hóquei, o Lokomotiv, da cidade russa de Yaroslavl.
Dona Kristenfrieda não se fez de rogada para disparar:
- Mass nón desconfiarron que isso nón ia dar cerrto? Colocarron um locomotifa parra fiajar de avión...
Mesmo depois de alertada de que não se tratava de uma locomotiva de verdade, mas sim, de um grupo de pessoas que defendiam uma equipe esportiva com o nome de Lokomotiv, a velha senhora não mudou de idéia. Apelou para a psicologia:
- Tudo messma coisa. Prroblema de locomotifa muito pessado. Ideia de pessado fica no cabeça dos pessoas. Muito xente pensando pessado deixa ambiente pessado. Prrecisa trrocar de nome. Se time chamasse Navio, avión nón caia.
- Mas um navio é ainda mais pesado que uma locomotiva, oma!
- Nein, nein. Nón é, nón. Se fosse maiss pesado afundava na oceano.
Até agora a família não sabe se a idosa omama estava brincando ou se dava vazão ao seu raciocínio psicológico.

26.set.11 - Mais uma conversa domingueira, o assunto foi a falta de segurança e os constantes assaltos e arrombamentos na cidade. A velha Kristenfrieda interveio:
- Oh, mein Got! Porr que polícia nón deixa essas ladrón no cadeia? Se o coisa fica desse xeito, logo os quadrrilha vón robar prróprrio polícia e deixar delegados presa no cadeia. Ladrón fai tomar conta de polícia, tirrar arrmas das guardas e darr paulada no cabeça de pessoas nos ruas. Entón xente nón vai mais sairr nos ruas por causa de bandidos. Vai serr fim de mundo, cidade vai virrar inferrno, demonho vai tomarr conta de tudo. Oh, mein Got.
Não é que a velha senhora tem razão?

26.set.11 - Na mesma tertúlia familiar, o papo descambou para as artimanhas do Presidente da CBF, Ricardo Teixeira, enrolado com uma história de lavagem de dinheiro supostamente recebido de uma empresa fantasma por conta de falcatruas no âmbito do futebol internacional. Dona Kristenfrieda:
- Eu nón pode entenderr como o lavaçón de dinherro é prroibido. Lavaçón estrraga dinherro, entón dono perrde dinherro lavado. Porr isso é prroibido? No colonha eu mesmo lavou dinherro alguns vesses. Porr caussa da Fritzbert, meu marrido, que tinha dinherro nas bolsos dos calças e esquece de tirrar. Entón ia tudo na tanque de lavaçón e estrragava tudo no água com sabón.
O neto Paulo Henrique alfinetou:
- Estragou muito dinheiro, oma?
- Nein. Nón, nón. Maiorr dinherro foi uma fez com dois notas de cem cruzeirros. No época este dinherro podia comprrar dois quilos de chucrutz, maiss o menoss.
Paulo Henrique concluiu que teria muito trabalho para explicar à avó o verdadeiro sentido da “lavagem de dinheiro”. Desistiu.

18.set.11 - Ainda no desenrolar dos papos domingueiros, o assunto descambou para um projeto de implantação de uma rede elétrica subterrânea na cidade. Ao ouvir o comentário de que a pretensão seria a de instalar a fiação debaixo do solo, Dona Kris se espantou:
- O quê? Vón enfiarr as postes de luz no terra de cabeça pra baixo? Was is das?

21.jul.11 - Conversando com o neto, que é pai de três lindas crianças, Dona Kris soube das aflições dele com a educação dos pequenos. Particularmente, o neto estava preocupado em disciplinar as despesas da criançada e o correto uso das mesadas que recebiam do pai. Ao tomar conhecimento das mesadas, a velha senhora mostrou-se perplexa:
- Oh, mein Gott! Minha vizinho la da sítio foi parrar no Delegacia porrque deu um cadeirrada no mulher dele. Focê querr darr mesada nos meninos, focê ta loco, tá? Dummer du?


A juventude de Dona Kristenfrieda
 (em preparação)

Dona Kristenfrieda e as recordações
21.jul.11 - Já se sabe que Dona Kristenfrieda tem uma saúde de dar inveja às pessoas muito mais jovens que ela, as quais frequentemente se vêem às voltas com problemas de dores, desconfortos e perturbações doentias. Dona Kris nunca se afastou das lides caseiras, mas faz questão de manter o formato antigo nas suas atividades. Nessa linha, recusou-se terminantemente a passar café usando os práticos e descartáveis coadores de papel:
-Well! Eu fiss quase oitenta anos café com zaco de pano e esse coisa novo de zaco de papel nón zerve parra café gostoso. Fica gosto de papel no boca, fica xeito de xornal. E mais carro também fica, porrque sempre xoga forra.

29.ago.11 - Dona Kristenfrieda foi para o Rio de Janeiro como uma homenagem dos netos pelo seu aniversário. Na volta, além dos comentários a respeito da viagem, a velha senhora também falou acerca das comemorações dos aniversários dela na colônia alemã do interior, em que viveu quase toda a vida:
- No minha aniversárrio no colonha semprre fizerrón festa grrande. Tinha leitón assado no moda alemón, com chucrutz, muita choppss e dança de noite. Foi muito engrraçado um dos últimos festas. Frederrico, um vissinho da sítio tomou muitas choppss e ainda uns pingas e foi dançar na baile. Deu um trropeçada na salón e foi... como se fala em brrasileirro??? ah, é catando cavaco, nón?... Ele foi catando cavaco pelo porta parra forra e entrrou de cabeça num pé de limón. Ficou tudo machucada, porr causa das espinhos. Na salón o gente riu muito e soltava muita pum porr causa da chucrutz. A primerro soltou pum e otrro achou graça e também soltou, e otrros tamém, e o gente quanto mais dava rissada mais pum, então era ha, ha, ha, pum... ha, ha, ha, pum... Até sanfonerro parrou de tocarr mússica, tamém dando rissada e soltando pum. Nón parrava mais, quanto mais peidos mais rissada, quanto mais rissada mais peidos. A Frederrico até parrece que sarrou da porre, ele ficou brrabo e queria brrigar. Ele pensava que rissadas erram prra ele e tava com carra tudo machucado das espinhos de limón.

Dona Kristenfrieda e a vida moderna
14.ago.11 - Depois que veio para a cidade grande, Dona Kristenfrieda passou a se antenar nas coisas do dia-a-dia de forma cada vez mais empenhada. Para alguns assuntos, entretanto, o seu poder de assimilação ainda não está suficientemente sintonizado, o que provoca certas situações bem esdrúxulas, seja pela complexidade dessas questões, seja pela ingenuidade da velha senhora. Assim, no caso da movimentação das bolsas de valores, assunto que escuta pela TV diariamente, ela ainda tem algumas dúvidas:
- Esse Dow Jones quem é? Stá semprre scutando “.. o Dow Jones do bolsa de Nova Yorrk...” Que tem ele no bolsa de Nova Yorrk, ele trrabalha nesse bolsa?
O neto Paulo Henrique não perdeu a oportunidade de brincar com a avó:
- O Dow Jones é o dono da bolsa de Nova York.
- Ah, gut! Dono de bolsa porrque ele tem muito dinherro? E Ibovespa, quem é?  Namorrado de Dow Jones, é?

15.ago.11 - Para os assuntos da política brasileira Dona Kristenfrieda demonstra um interesse maior. Acompanha com atenção as movimentações na área federal e sempre tem algum comentário em relação aos acontecimentos. Sobre a última troca de ministros, na área do turismo:
- Muito bom que Prresidente Dilma deu chute no bunda da velho baxinho que enfia dinherro da povo na bolso de fagabundas na motel. Semverrgonha que tem carra de pau parra enganar povo brrasilerro. Mas nón gosto de otrro que Dilma chamou, esse Gastón, que tamém é da Marranhón. Que fai fazer com dinherro da povo, gastar tamém na motel? Nome dele nón axuda. Gastón, vei gastar muito dinherro...

13.set.11 - Dona Kristenfrieda foi convencida – nem precisou muita insistência – a assistir ao concurso “Miss Universo” pela TV, na companhia do neto Paulo Henrique e da esposa dele. Naturalmente, torceu pela Miss Alemanha, na opinião dela, a mais bonita de todas. Infelizmente, a “frida” foi eliminada logo na primeira seletiva, mas Dona Kris não se deu conta disso. Já na terceira etapa continuou torcendo e afirmando que a germânica iria ganhar. Quando afinal o Paulo Henrique conseguiu convencê-la que a Miss Alemanha já era, que estava desclassificada, nossa personagem se revoltou:
- Mass ist schweinerei! Muito semverrgonhass! Esses moças tudo horrorroso e Deutsche miss mais ponito nón ganha... tudo isso... como se fala messmo?... marrmelada, tudo marrmelada messmo!
E foi dormir. Não viu a vitória da angolana Leila Lopes. Dia seguinte, de manhã, foi informada do resultado do concurso. Desabafou em tom de deboche: 
- Angola? Nón sabia que tem xente em Angola, pensava só tem galinhas... no minha sítio tinha muitos galinhas de angola... Galinhas de angola muito ponitos... porrisso ganhou miss tamém?

14.jul.11 - Ainda repercutindo o caso da fusão Pão de Açucar/Carrefour, Dona Kirstenfrieda sugeriu ao quitandeiro da esquina que fosse ao BNDES pedir um capilezinho para fortificar o orçamento do estabelecimento, notoriamente necessitado.
Dona Kris não entende porque o BNDES pode ajudar o seu Abílio enquanto o seu Manuel fica gramando na pindaíba esquecido pelos céus e pelo Governo.
Aliás, pelo Governo não. Ainda na semana passada seu Manuel foi multado por ter vendido um pé de alface sem a emissão da competente nota fiscal eletrônica.

08.ago.11 - As emissoras de TV deram destaque à posse do novo Ministro da Defesa, embaixador Celso Amorim, enfatizando a ausência, na cerimônia, do ex, Nelson Jobim, que alegou uma suspeita de dengue para justificar a falta. Sempre atenta aos noticiários, Dona Kris não se furtou ao comentário:
- Esse Ministra Xopim agorra stá dengosa? Acho que esse doença é só de fingimento pra nón irr no festa do outro...
E, sobre eventuais mudanças no Ministério (além do Ministro, claro), ensaiou uma rima:
- Sai Xopim entra Amorrim... O Defesa fica frraquinho assim, assim...

09.ago.11 - Dona Kristenfrieda está alarmada com todo o escarcéu por causa da dívida dos EUA. Mais perplexa do que alarmada, como a grande maioria das pessoas, aliás. Também como a grande maioria das pessoas, ela não consegue entender o que nós, pobres diabos, temos a ver com isso. O neto Paulo Henrique tenta explicar:
- O poder econômico dos Estados Unidos é tão grande que afeta a economia do mundo inteiro. Uma crise econômica mundial é muito prejudicial para todos. Se eles forem obrigados a gastar menos, o Brasil, por exemplo, vai exportar menos, a indústria brasileira vai produzir menos, vai circular menos dinheiro, vai ter menos empregos, e assim por diante...
- Oh, mein Got! Mass eu nón tem culpa do dívida de Stados Unidoss! Essa banco, aquela que querria darr dinherro pra Pón de Açúcar xuntar com otro mercado do França, nón pode ajudar essa Obama, coitado? Eu fi ele quase jorrando no televisón, xá tá ficando de cabelo brranquinho, coitadinho!

Dona Kristenfrieda e a televisão
19.ago.11 - Dona Kristenfrieda virou fã de novelas, especialmente a da Rede Globo que passa depois do “Jornal Nacional” (“Insensato Coração”), a qual assiste com regular freqüência em sua fase final. O capítulo em que foi morta a personagem Norma, interpretada pela atriz Glória Pires, deixou forte impressão na anciã. No dia seguinte ela viu uma entrevista com Glória Pires na TV e ficou assombrada:
- Mein Gott, nón é possível. Eu vi com essas meus olhos que esse mulher morreu ontem no novela. Como está hoje no televisón de novo?

15.jul.11 - Dona Kristenfrieda viu crianças na televisão, fazendo papel em novela. Já havia visto outras, antes, inclusive como “apresentadoras” de programas. Não se agüentou:
- Ach! No minha sítio o filho quasse foi presa porque o filha dele, minha neto, stava trabalhando no roça... ele tem quinsse anos e falarram que meu filho stava fazendo o filha de excrravo... comé mesmo? Trabalho excrravo, é isso... non pode trabalhar antes de dessesseis anos... agorra, no televisón pode, porrque???


05.ago.11 - Dona Kris viu na TV a notícia de que profissionais da área da saúde de uma universidade do Rio de Janeiro assumiram papéis de palhaços e visitaram os doentes internados no Hospital Universitário da UERJ, para diverti-los. Com a experiência dos seus 95 anos de idade, comentou:
- Oh, gut! Essas palhaços són bons mesmo! Muito bom parra as doentes, mas precissa cuidado. Tem xente operrado que nón pode dar rissada. Dói muito dar rissada quando tem operraçón fresco.
No mesmo noticiário apareceu o caso da jovem Carolina, radialista de Cuiabá, que não usa cartões de crédito e sequer tem conta em banco, fazendo todas as suas transações financeiras com dinheiro vivo. Comentário da Dona Kris:
- Esse moça tá cerrto! Nón pode confiarr nas bancos hoje em dia. Eu tamém guarrdo meus economias de pensón em dinherro messmo. Nón querro saberr desses coisas de xurros e otras coisas de bancos.

Dona Kristenfrieda ficou doente

17.ago.11 - Onde viveu a maior parte da vida, “no colonha” (segundo ela mesma), Dona Kristenfrieda nunca havia ficado doente. Depois que veio morar na cidade grande, e logo após ter ido a um médico pela primeira vez na vida, a velha senhora caiu doente. Pegou uma gripe. Quem já teve gripe sabe que a sensação é bem desagradável, imaginem então para quem nunca teve. Mas Dona Kris não se abateu. Ensinaram-lhe que um bom remédio seria tomar chá de guaco com um pouco de conhaque. Ela mesma fez questão de preparar o mistifório e acabou “errando” a medida do conhaque. O que deveria ser apenas uma colherada acabou sendo uma respeitável dose, que não podia deixar de produzir os seus efeitos. Não por acaso, a velha senhora passou repentinamente à euforia, esquecendo temporariamente os desagradáveis sintomas do resfriado.  Os meninos da casa – cujos pais estavam fora – ficaram assustados com o estado da bisavó, especialmente quando ela se propôs a dançar ritmos alemães – só não o fazendo porque não encontrou música adequada – mas não se abalou: cantou ela mesma as músicas germânicas que conhecia (e provavelmente também as que não conhecia), pegou duas tampas de panela para o acompanhamento e assim se comportou até desabar no sofá da sala, de onde não mais conseguiu levantar, acabando por dormir ali mesmo. Só quando o neto Paulo Henrique chegou com a esposa é que conseguiram “reanimar” a “omama” e encaminhá-la à cama.
No dia seguinte, Dona Kristenfrieda levantou comentando as maravilhas da medicação:
- Essa guaco é boa remédio, mass dexa gente com um dorr de cabeça!!!


Dona Kristenfrieda vai ao médico

02.ago.11 - Dona Kris nunca havia ido a um médico, em toda a sua longa vida! O neto Paulo Henrique, com quem ela está morando, preocupado com a saúde dela, marcou uma consulta com um médico, o Dr. Junqueira, conceituado geriatra da cidade. A velha senhora não queria ir de jeito nenhum, protestou, esperneou, mas afinal o neto e família conseguiram persuadi-la a fazer um checape geral.
No dia marcado, logo cedo, Dona Kristenfrieda estava mais excitada que seminarista em dia de ordenação sacerdotal. Empetecou-se toda e, com muito custo convenceram-na a não levar uma broa de milho feita em casa (por ela mesma) com a qual tencionava presentear o médico. E lá se foi Dona Kris levada pelo neto Paulo Henrique. Na volta, toda eufórica, não se cansava de elogiar o clínico:
- Esse Dotor Xunquerra é muito simpática. Ele tirrou meu pressón e falou que stava com pressón de mocinha de vinte anos, era doze porr zete. Tamém escutou meu costas com uma aparrelho de enfiarr no orrelha dele. E tamém deu uns marrteladas na joelho pra eu darr um chute na zaco dele, mas foi sem querrer...
Dona Kris só não gostou das recomendações sobre a alimentação:
- Ele falou que nón pode comerr eisbein todo semana, só uma vez por mês. Chucrutz pode todo dia, se quiserr, mas chucrutz sozinha nón tem graça...

Os remédios de Dona Kristenfrieda
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Dona Kristenfrieda no salão de beleza

22.set.11 - A neta/nora da Dona Kristenfrieda foi convidada para um desfile de modas e resolveu levar a velhinha junto. Claro que Dona Kris não podia ir sem passar por um aprimoramento visual completo, de forma que foi levada a um salão de beleza. Na volta, antes do evento, a velha senhora já se queixava:
- Meine Güte! Esse nón é muito bom parra um velha. Parrece palhaço. Muito incomoda tudo esse lambuzaçón no carra. Cabelos tudo arrmado parrece aquelas jogadorres de futebol que arrumam cabelo ecsquisito.
Mais uma vez o neto resolveu brincar com a velha avó.
- Essa maquilagem do rosto só sai com querosene.
Aparentemente Dona Kris não deu bola para a observação. Depois do passeio, a velha comentava o evento:
- Muitos moças muito magrros marchando em cima de um passarrela com vestidos muito enfeitados. Como gente vai ussar essas vestidos no rua? Polícia pode prrender gente que ussar esses vestidos no rua. Gente que ussa esses vestidos vai espantar crrianças pequenos. Vai facer bebezinhos chorrar de medo, coitados!
No dia seguinte, logo cedo – para o café da manhã – Dona Kristenfrieda apareceu com o rosto todo vermelho e inchado. Explicou:
- Foi tirrar o lambuzaçón do carra. Paulo Henrique mandou passar querrocene no carra parra tirrar lambuzaçón. Agorra carra tudo doendo e ferrmelho. Agorra nunca mais passa esse lambuzaçón.

Dona Kristenfrieda no chopincenter

06.ago.11 - Dona Kris foi parar, junto com sua filha Gertrude – de comportamento tão (ou ainda mais) tosco que o da mãe – num centro comercial, mais conhecido como shopping center, onde foi levada pelo neto Paulo Henrique. Paulo teve que sair momentaneamente. Foi o que bastou para a velha matrona cismar de comprar-lhe um presente com suas economias. Entrou numa livraria:
- Guten Tag. Eu querro darr um presente para meu neto, um livrro interressante, pode me ajudar parra escolherr?
O vendedor associou a palavra “neto” com “criança” e, ao invés de perguntar a idade do “menino”, foi imaginando que, em face da idade das senhoras à sua frente, o “neto” devia ser – no mínimo – um garotão na adolescência. Levou Dona Kris a uma prateleira e indicou o livro “Harry Potter e as Relíquias da Morte”. Dona Kristenfrieda não gostou muito do título da obra, mas acatou a sugestão do vendedor. Ato contínuo, foi ao caixa para pagar. A moça perguntou:
- A senhora vai pagar como?
- Esfrregando a chón do loja!!! Oh, mein Gott! Naturral que vou pagarr com dinherro!
- Desculpe. Só perguntei se não seria com cartão de crédito ou com cheque...
- Cartón nón gosta, crrédito nón tem e jeque nón usa. Se nón aceitam dinherro... 


06.ago.11 - Após ter ficado sozinha com a filha no shopping Center, Dona Kristenfrieda parece ter sido dominada pelo espírito da “tolerância zero”. Depois da áspera conversa com a caixa da livraria, as duas senhoras decidiram almoçar – afinal, a fome estava se manifestando. Dirigiram-se à praça de alimentação, num espaço exclusivo de um restaurante e tomaram assento a uma mesa. O garçom se aproximou:
- Bom dia! As senhoras vieram para almoçar?
- Nón, nón! Nós estamos sentados aqui porrque querremos jogarr carrtas! Oh, mein lieber Gott! Foceis porr acasso tem um barralho porr aí?


06.ago.11 - Ainda passeando no chopincenter, nossa personagem constatou, numa vitrine de loja de calçados, o anuncio de uma liquidação com descontos especiais sobre o preço dos produtos. No jargão publicitário, a promoção era esfuziantemente anunciada como uma “grande queima de estoque”. Dona Kristenfrieda ficou intrigada. Entrou na loja e se dirigiu a um vendedor:
- Foceis vón mesmo fazer esse queima de stoque que stá scrrito na vidrro? Vón queimar zapatos, jinelos, tudo, tudo? Zapato ponito tamém?
O vendedor, demonstrando entusiasmo (vendedor que não demonstra entusiasmo não é vendedor):
- Sim, claro. É uma megapromoção, vamos queimar todo o estoque da loja... está sendo uma loucura total!
- Aonde esse queima vai serr?
- Ora, aqui mesmo na loja... a promoção já começou há três dias... mais da metade do estoque já foi vendido...
- Mass como assim? Nón stou vendo nenhum foguerra aqui. Parrece que nón pode fazer fogo nessa chópim...
O vendedor, aparentemente, captou a dificuldade da velinha em entender a situação:
- Minha senhora, o que estamos fazendo é uma grande liquidação... quer dizer, estamos vendendo os produtos com grandes descontos para acabar com o nosso estoque...
- Entón nón é foguerra? Nón é foguerra de verdade?
- Não, minha senhora, não é fogueira de verdade. É só força de expressão... é fogueira de mentirinha...
- Mass nón pode isso... foceis stón enganando o xente tudo... foceis falam que tem queima mass nón tem foguerra nenhum... tudo mentirra, focê mesma fala que é mentirra, entón sta fazendo schese com povo. Prrecisa avisar polícia, prrecisa fechar loja, nón pode enganar xente tudo...


Dona Kristenfrieda no Rio de Janeiro

26.ago.11 - Dona Kristenfrieda foi visitar o Rio de Janeiro, a convite de outro neto seu, que viajou com a família para a Cidade Maravilhosa. Ficaram uma semana e Dona Kris voltou cheia de conversas:
- Mein Gott, como é marravilhoso o Prraia de Copacapana! Eu foi tomarr banho no prraia, veio onda e bateu no bunda e xogou no arreia e machucou o carra. Foi grrande susto mas foi gostoso. Foi de novo otrro dia e depois de novo no otrro, de novo... Foi tamém no Prraia da Potafogo e no Prraia Fermelho. Nón viu nada Fermelho nesse prraia, muito pequeno, só ficava perto de hotel...
- Porr que nome Potafogo? Vón potar fogo aonde? No prraia? É porr causa de nome de time de futebol? Nón entendi porrque potar fogo...
- O Pón de Açucar é muito bonita, mas pondinho dá muito medo! Fica muito alta e nón pode olhar pra baixo, fica tonto! Xente fica pequenininho lá embaixo... Eu fechô os olhos, nón querria ver embaixo, nón.
- Fiajar de avión é perrigoso. Tem muito trepidaçón, pior que ónibus! Moça falou que tinha nuvens, mas é mentirra, nuvens é igual que algodón, nón é durro. Avión parrece que anda em cima de pedrras, tem... como chama?... ah, é solavanco, é isso! Tem muito solavanco nos nuvens... deve ter pedrras dentro dos nuvens, entón!
- É difícil vissitar Jesus Crristo no Rédentórr! Precissa pegar trrem e depois subir escadas... muito difícil para velhos... mas o visón é muito lindo! Pode ver tudo, Rio de Janérro interro, cidade marravilhoso mesmo!


31.ago.11 - Ainda repercutindo a viagem de Dona Kristenfrieda para o Rio de Janeiro. A notícia do acidente com o bonde de Santa Teresa abalou profundamente a velhinha, mesmo porque ela andou nele quando esteve lá, alguns dias antes do acidente. Muito abatida com a notícia, comentou:
- Oh, mein Gott! Muito desgrraça isso! Lembrra pem da pondinho! Muito bonita Sanda Terresa, pode verr cidade de cima da morro. Dá muido medo na pondinho. Muido velha as pondes, muido estrragados, xá tem muito perrigo. Muido trriste os pessoas morrendo na pondinho. Culpa desses coisas é do gente do administraçón de pondinho. Esse gente prrecisa ter otrros idéias... turristas adorram passeo na pondinho do Sanda Terresa. Rio de Xanerro nón pode dexat turristas na perrigo. Prrecisa mudar esse gente que nón entende coisas assim...Nón pode falar que culpa é da... como chama?... motornerro, né... motornerro nón pode ter culpa. Falar que culpa é de motornerro é desculpa. Schmutz! Muito fácil porr culpa no quem já stá morrto.

Dona Kristenfrieda e o futebol

14.jul.11 - Já sabemos que Dona Kristenfrieda nunca foi a um cinema. Hoje quase não sai da frente da TV e sua grande paixão são as novelas. De futebol, viu alguns lances esporádicos. Ontem, família reunida, assistiu pela primeira vez a um jogo inteiro, da seleção brasileira (Brasil 4 x Equador 2). Quando lhe disseram que o goleiro Júlio Cesar havia engolido um frango, exclamou:
- Como? Interro, com penass?
“Apresentada” aos avantes Ganso e Pato:
- Eles són parrecidos messmo... Mass porrque esses nomes? É porrque jogam mal assim?


14.jul.11 - No mesmo jogo, ao ouvir que Ganso era jogador de meio campo, Dona Kristenfrieda observou:
- Mass como? Eu xá vi ele xogando na campo interro! 

18.jul.11 - Depois que assistiu ao jogo Brasil 4 x Equador 2, Dona Kristenfrieda tornou-se fã de futebol e fez questão de ver Brasil x Paragua, domingo (ontem) pelas quartas-de-final da Copa América. Decepção total: a seleção brasileira empatou no tempo normal e na prorrogação por 0x0 e perdeu nos pênaltis, quando nenhuma das quatro cobranças havidas foi convertida. Quando soube que o treinamento da seleção aconteceu na Granja Comari, no Rio de Janeiro, Dona Kris se abespinhou:
- No grranja? Porrisso que non acertarram nada. Non tinha um campo de futebol pra eles treinarrem?


18.jul.11 - Na mesma tarde de domingo Dona Kris viu trechos do jogo feminino entre Japão e Estados Unidos. Placar de 2x2 no tempo normal, mais 1x1 na preorrogação e vitória do Japão na cobrança de pênaltis. Perspicaz, ela comentou:
- Os japonesas són o Urruguai das mulherres...


11.ago.11 - Já sabemos que Dona Kristenfrieda é aficionada recente da prática futebolística. Não joga, evidentemente, mas gosta de assistir aos jogos na TV. Passou a gostar mesmo do esporte, e não poderia deixar de se interessar pelo jogo entre Brasil e Alemanha, na quarta-feira passada. Já sabemos também que ela ficou dividida entre torcer por uma seleção ou outra, ela que é germânica de nascimento, mas brasileira de criação – e de coração, como gosta de dizer. Ficou mais indecisa que tucano em véspera de convenção política, mas acabou se decidindo pelo Brasil, algumas horas antes do jogo. Azar dela: acabou sendo vítima das gozações dos bisnetos, que a acusaram de “pé-frio”. Ela protestou, mas acabou entendendo a brincadeira.
No curso do jogo ela participou ativamente. Quase no fim, quando o técnico brasileiro colocou o jogador Paulo Henrique Ganso no time, comentou:
- Porr que nón colocar a Ganso na começo de jogo? Na sítio as gansos atacam as otrros estrranhos que aparrecem. Essa Mano parrece que tem medo de atacarr os otrros.
Também quase no fim da partida, intrigada com o exagerado uso de diminutivos nos times de futebol:
- Porr que uns xojadores tem nome pequeno? Ronaldinho, Robinho, Fernandinho. É porr causa do tamanho do bolinha deles? Entón devia chamar Patinho, Gansinho, Fredinho... e técnico Manezón...
Depois de encerrado o confronto, o sangue germânico falou mais alto:
- Oh, meine Heiligen! Nón tem problema perrder um xogo! Todo mundo perrde uma vez. Prrecissa verr que Brassil perdeu pro melhor seleçón do mundo...

26.jul.11 - Encantada com o futebol, depois de assistir a várias partidas da recente Copa América (apesar da MANOtona performance da seleção brasileira!), Dona Kris, quando soube da convocação do MMenezes para os jogos amistosos e viu a relação de jogadores, explodiu:
- Nein, nein! Nón é possível! A técnico jamou de novo aquele golerro que levou um frrangalho no Copa Amérrica?

15.ago.11 - Mais uma tarde de domingo serviu para Dona Kristenfrieda alimentar sua nova paixão: os jogos de futebol. Ainda que não tenha definido sua simpatia por este ou aquele clube – embora as insistências do neto Paulo Henrique – a velha senhora repassa quase todos os jogos do campeonato brasileiro e assiste com fervor a participação da seleção brasileira, quando ocorre. Ontem foi o dia de vibrar com o jogo Brasil x Espanha (Sub-20), com vitória brasileira nos pênaltis depois de um angustiante 2x2 no tempo normal e 0x0 nas prorrogação. Mas foi no jogo Grêmio x Fluminense que Dona Kris teve sua atenção despertada pela “cabeleira” do jogador gremista Leandro (à moda de Neymar):
- Mein Gott, essas meninos com esse moda de cabeloss... essa rapaz parrece que tem um canterro de brrotos de alfafa no cabeça...

Outras pérolas da Dona Kristenfrieda

26.jul.11 - Roberto, um dos bisnetos de Dona Kris, andou navegando no blog e descobriu a matéria sobre o barco de tetra-pak na página “Interessantíssimas”. Como se trata de matéria referente à Alemanha, chamou a omama e lhe mostrou a novidade. Dona Kristenfrieda não deixou passar em branco:
- No Alemanha tem messmo muitas malucos. Mass o maiorria nón é. Focê sta vendo que deixarram o coitado sozinha na barrco de papelón?
27.jul.11 - O Roberto gosta muito de passar à omama as novidades que encontra nas suas longas navegações pela internet. Deu de cara com uma notícia sobre o descarrilamento de um trem na Polônia, que invadiu um prédio e matou três pessoas. Dona Kris não se furtou a contar também a sua história:
- No meu colônia um dia tamém um trrem saiu do linha e entrrou na cemitérrio. Foi um estrragada grrande.
- Morreu muita gente, oma?
-Nein, nein! Nón acharrom ninguém. Mass foi polícia, muito polícia, bomberros tamém. A Delegado querria abrrir os sepulturras para verr se tinha uma defunto frresco,  mass nón acharrom nenhum. Foi muito bom que todo o gente já stava morrto antes mesmo!

28.jul.11 - O neto da Dona Kris com quem ela está morando chama-se Paulo Henrique. Um dos filhos dele é o Paulo Afonso. Tem também um amigo na empresa em que trabalha chamado Paulo Roberto, além de um outro colega cujo nome também é Paulo. Todos eles estavam na festa de aniversário do primeiro, além de mais um Paulo, que havia sido contratado para preparar o churrasco. Ao constatar a quantidade de Paulos, a velha senhora disparou:
- Oh, mein Gott! Minha neto arrumou um grrande paulada pro festa dele.

13.ago.11 - O bisneto de Dona Kris abriu para ela o blog e, brincando, disse que gostaria de visitar Papai Noel, mostrando a ela o hotel de gelo (ver página “Interessantíssimas”). Ela se recusa a acreditar na existência de tal estabelecimento, pois não crê na possibilidade de sobrevivência de pessoas dentro desse tipo de ambiente. Ao ser informada que existem várias alternativas de agasalhamento das pessoas, como peles, cobertores, etc, a velha senhora comentou:
- Já, já! Mass quando o gente precissa ir no prrivada? Vai congelarr bunda e homens vón congelarr zaco e tudo mais..